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A Escrava Isaura - Bernardo G.
A Escrava Isaura - Bernardo G.

A Escrava Isaura - Bernardo Guimarães - Romantismo


"O coração é livre; ninguém pode escravizá-lo, nem o próprio dono."


Em uma magnífica fazenda, no município de Campos de Goitacases (RJ), morava


Isaura, uma linda escrava de cor de marfim. Isaura era filha de uma bonita escrava

que por não se sujeitar aos sórdidos desejos do senhor comendador Almeida (dono da

casa) sofreu as mais terríveis privações. Esta escrava teve um caso com o feitor

Miguel, que era um bom homem e não aceitou castigá-la como mandou o seu senhor,

sendo Isaura fruto desse relacionamento. Isaura foi educada pela mulher do

comendador, e era dotada de natural bondade e candura do coração além de saber ler,

escrever, italiano, francês e piano. A mulher do comendador tinha desejo de libertar

Isaura, porém não o fazia para conservá-la perto e assim ter companhia.


O Sr Almeida se aposenta, retirando-se para a corte e entrega a fazenda a seu


filho Leôncio. Este era digno herdeiro de todos os maus instintos e devassidão do

comendador. Casou-se por especulação. Nutre por Isaura o mais cego e violento amor.

Ele chega à fazenda com sua mulher - Malvina - e seu cunhado - Henrique. Malvina era

mulher dócil e tratava Isaura muito bem. Henrique era um filho rico, estudante de

medicina, e também ficou tocado pela beleza de Isaura. Morre a mãe de Leôncio sem

deixar testamento que libertasse Isaura.


Henrique rapidamente percebe as intenções de Leôncio para com Isaura.


Temendo que ele traia sua irmã, adverte-o que não tolerará tal ato. Henrique se

oferece como amante para Isaura e daria em troca sua liberdade. O jardineiro da

fazenda, um ser disforme e abjetável, também se oferece como amante. Isaura não dá


atenção a essas propostas, e diz nunca casar sem amor. Leôncio é avistado por

Henrique e Malvina quando fazia semelhante proposta à Isaura. Malvina set encia: ou

ela (Isaura) ou eu. No mesmo momento da calorosa discussão, aparece o pai de

Isaura com o dinheiro suficiente, uma enorme quantia de 10 contos de réis, para

comprar a liberdade dela conforme havia prometido o comendador Almeida. Leôncio

não aceita o dinheiro e dá desculpas vazias.


Morre o pai de Leôncio e ele finge imensa tristeza por dias, o que o alija


temporariamente de brigar com a mulher. Passado certo tempo, Malvina continua a

pressão para que se libertá-se Isaura. C om as desculpas e adiamentos de Leôncio, ela

decide voltar à casa do seu pai. A sua saída era caminho livre para os intentos

indecentes de Leôncio. Como Isaura continuava a resistir, Leôncio ameaça com

torturas. Miguel, sabendo do acontecido, decide fugir com Isaura para o Norte.


Chegando em Recife, a linda Veneza Americana, Isaura muda seu nome para


Elvira e Miguel para Anselmo passando a morarem numa chácara no bairro de Santo

Antônio. Álvaro era um moço rico, filho de uma distinta e opulente família, liberal,

republicano e abolicionista extremado. Ele avista Isaura ao passea r perto da sua

chácara e a conhece, passando a visitá-la constantemente. Álvaro se utiliza de todos

os meios para convencer Isaura a ir a um baile com ele. Isaura não queria ir para não

enganar a sociedade e iludir o seu amante. Ela por diversas vezes tentou contar a


Álvaro que se tratava de uma escrava fugida, mas não tinha coragem. Ela só aceita ir

diante do a rgumento de que tanta reclusão estaria despertando a atenção da polícia.

Isaura sente um mau presságio desse baile.


No baile, Isaura se destaca no meio de todas as mulheres devido a sua beleza e


por tocar muito bem piano. Contudo, é reconhecida por Martinho - um estudante de

sórdida ganância e espírito de cobiça - que havia guardado um anúncio de escravo

fugido. Ele provoca um escândalo durante o baile e Isaura confessa diante de toda a

sociedade se tratar de uma escrava. Álvaro, não obstante, defende-a e devido a sua

influência a toma por fiador, sem deixar que ela caísse nas mãos imundas de Martinho.

Est e, sem conseguir levá-la, escreve para Leôncio informando que havia achado sua

 

 

escrava .

 

Graças a valiosa intervenção de Álvaro, Miguel e Isaura continuam na sua

 

chácara em Santo Antônio na espera da s ações que ele havia prometido tomar. Isaura

conta que fugiu para escapar do amor de um senhor libidinoso e cruel. Enquanto

 

Álvaro se encontrava na chácara, Leôncio aparece pa ra sua surpresa e exige levar

Isaura. Leôncio encont rava-se munido de um mandado de prisão contra Miguel e

guardas para levar sua escrava. A aparição é seguida de forte discussão e Álvaro

avança contra Leôncio. A briga é cessada com a aparição de Isaura que se entrega ao

seu senhor.

 

Isaura volta a fazenda onde fica na mais completa reclusão. Leôncio se

 

reconciliara com Malvina, pois iria precisar do seu dinheiro. Miguel é ludibriado na

cadeia e convencido

a tentar persuadir Isaura a se casar com Belchior, o jardineiro da fazenda, em troca da

liberdade sua e da filha.

 

Isaura aceita o sacrifício pois estava sem forças e sem esperança. Leôncio já

 

havia tomado todas as providências para o casamento, quando é informado que alguns

cavalheiros chegaram. Pensando se tratar do vigário e do tabelião, mando-os entrar. É

 

tomado de surpresa ao avistar Álvaro. Este tinha ido ao Rio de Janeiro e descobre com

alguns comerciantes que Leôncio estava falido. Compra os seus créditos e fica dono de

toda a dívida de Leôncio.

 

Álvaro afirma a Leôncio que nada mais o pertence, que toda a sua fazenda

 

incluindo os escravos passavam a ser dele com a execução dos débitos. Isaura abraça

 

Álvaro. Leôncio jura que nunca irá implorar a sua generosidade para abrandar a dívida.

Ele ausenta-se da sala e se suicida.